quinta-feira, agosto 14, 2014

São 94 anos de história, tradição e luta

 
Por Antonio Quintal*
 
Falar da história da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTOS não é tarefa tão simples. Páginas e mais páginas foram escritas nestes 94 anos. Seria muita pretensão tentar abordar tudo que se passou até aqui na tradicionalíssima agremiação rubro-verde.       
 
                                            
No dia do nonagésimo quarto aniversário de fundação da nossa Lusa, vamos destacar algumas situações que ficaram marcadas nos anais do clube. No futebol estão registradas as maiores glórias, as inesquecíveis conquistas, claro que outras modalidades esportivas também obtiveram louros. 
 
       
Desde 1920 a caminhada lusa mostrou ser difícil. Sua filiação junto à Associação Paulista de Esportes Atléticos, a APEA, foi negada. A solução foi se juntar à Associação Atlética Mackenzie College, com quem foi criada a parceria Portuguesa-Mackenzie, que durou até 1923.
 
 
Em 1925, a Portuguesa se orgulhava de ter seu estádio, na Rua Cesário Ramalho, local que os lusos permaneceram durante quase duas décadas.
 
 
O primeiro duelo contra clubes portugueses ocorreu em agosto de 1929, quando a equipe rubro-verde empatou por dois gols com o Vitória de Setúbal no Parque Antártica, em São Paulo.          
              
                                                                               
Em 1933, a Portuguesa aderiu ao profissionalismo. A partir daí, bons times foram formados, e estava assim iniciada a caminhada rumo ao primeiro titulo.
 
                     
Dois anos mais tarde, quando o clube chegava aos 15 de fundação, o clube se sagrou campeão paulista pela primeira vez. No ano seguinte surgiu o bi-campeonato, além da Taça dos Campeões Estaduais, que teve Fluminense, Atlético mineiro e Rio Branco (ES) como participantes.
 
 
Em Agosto de 1940, quando completava sua segunda década de existência, durante o Torneio Rio-São Paulo, a Portuguesa goleou o Botafogo por 4 a 1. O time luso era dirigido pelo notável uruguaio Conrado Ross (o primeiro estrangeiro a vestir o manto luso) e goleou o time carioca jogando com Rodrigues, Pepino e Osvaldo; Alberto, Celeste e Barros; Guanabara, Charuto, Farah, Arturzinho e Carmo. O jogo foi realizado no Rio de Janeiro e curiosamente o artilheiro foi o Guanabara, que marcou três gols, e o outro foi de Arturzinho. Neste ano a Lusa terminou o Campeonato Paulista na segunda colocação.
 
 
Em 1950, quando o clube caminhava para seu trigésimo ano, o futebol ganhou destaque com resultados expressivos que sinalizavam a nova força que surgia no nosso futebol. Jogadores de altíssimo nível passaram a envergar a camisa lusa.

 
Em 1951, a Portuguesa fincou seu nome no exterior ao conquistar sua primeira FITA AZUL, com uma espetacular campanha que cravou o nome rubro-verde em gramados turcos quando venceu o Fenerbahçe por 3 a 2, o Besiktas, por 4 a 1, e a Seleção de Ankara, também por 4 a 1. Uma trajetória invicta, que contou com o empate por 1 a 1 com o Valencia, e as vitórias sobre os suecos Helsinborg por 5 a 2, Sondra (1 a 0), Kanraten  (4 a 2), Gotemburg (2 a 1) e IFK Norkoping (3 a 2). Além disso, a Portuguesa ganhou a Copa San Izidro quando derrubou o poderoso Atlético de Madrid, por 4 a 3, em Madrid. Nesta jogo, a Lusa jogou com Muca, Manduco e Jacob; Djalma Santos,
Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão, tendo como treinador o lendário Osvaldo Brandão. Os gols foram assinalados por Pinga (2) e Nininho (2).
 
                 
As goleadas fizeram parte das notáveis apresentações do esquadrão rubro-verde na temporada: 4 a 1 no São Paulo, 5 a 2 no Juventus, 5 a 0 no Ypiranga, 7 a 1 no Guarani e 7 a 3 no Corinthians, com quatro gols de Julinho Botelho, em um jogo que quase pos termo à carreira de um jovem goleiro que viria a fazer história no futebol mundial: Gilmar dos Santos Neves.
 
Em 1952, pela primeira vez, a Portuguesa sagrou-se campeã do Rio-São Paulo, quando goleou o poderoso Vasco da Gama pelo placar de 4 a 2, no Pacaembu, e depois empatou por 2 a 2, no Maracanã. O time formado por Jim Lopes e que marcou época alinhou com Muca, Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.                          
                  
Em 1953, a Portuguesa conquistou a BI-FITA AZUL depois de nova excursão pelo exterior com resultados da maior expressão.                                          
 
 
No ano de 1954, o clube abiscoitou a TRI-FITA AZUL quando exibiu sua enorme categoria por gramados ingleses, alemães, turcos, franceses e belgas, somando dezenove jogos de invencibilidade.                                             
 
 
Em 1955, além da histórica goleada sobre o Santos, por 8 a 0, no Pacaembu (o time praiano foi campeão paulista daquele ano), a Portuguesa venceu pela segunda vez o Rio-São Paulo ao derrotar o Palmeiras por 2 a 0 depois de empatar por  2  gols na primeira partida, ambas foram disputadas no “Próprio da Municipalidade”.

 
Em 1956, a Lusa inaugurou seu estádio no bairro do Canindé, batizado de Ilha da Madeira, já que suas arquibancadas eram de tábuas. No primeiro jogo em casa, a Lusa derrotou uma Seleção Paulista formada por jogadores do Palmeiras e São Paulo por 3 a 2.                         
 
 
O clube não vivia só do futebol. Ainda em 1956, o grande ciclista Antonio Alba, representante luso, ganhou a NOVE DE JULHO, consagrada prova ciclística promovida pelo jornal A GAZETA ESPORTIVA. Foi o primeiro brasileiro a vencer a competição. Um orgulho sem tamanho para nossa coletividade.   
 
 
Em 1959, a Portuguesa negociou a venda do eterno Djalma Santos com o Palmeiras. Neste mesmo ano foram inaugurados os refletores do estádio luso em jogo que a Portuguesa derrotou o Palmeiras por 2 a 1.                
Vale lembrar que neste ano o jovem atacante Servílio começava a despontar como grande atacante. Em partida válida pelo Campeonato Paulista ele marcou seis gols na vitória de 9 a 3 sobre a Portuguesa Santista.                                                                                               
 
 
No ano seguinte, a Portuguesa voltou a formar outra grande equipe. Felix; Nelson, Ditão e Juths; Odorico e Vilela; Jair, Silvio, Servílio, Ocimar e Nilson constituíram um time cheio de garotos talentosos. Em 1961 outra grande goleada da Lusa sobre o Corinthians, por 7 a 0, no Pacaembu. Já em 1962, a Lusa ficou sem o antigo estádio do Canindé (Ilha da Madeira), demolido para a construção do novo. Assim, a Portuguesa se tornou um time itinerante, mandando seus jogos nos estádios Nicolau Alayon, Palestra Itália, Pacaembu, Parque São Jorge, Rua Javari e Morumbi, o que atrapalhou bastante as campanhas do clube.
 
 
Ainda assim a Lusa andou perto de conquistar o titulo paulista de 1964, não fosse a malfadada arbitragem de Armando Marques no jogo decisivo contra o Santos na Vila Belmiro. A Lusa tinha uma grande equipe: Félix; Jair Marinho, Ditão, Wilson Silva e Edilson; Pampolini e Nair; Almir, Dida, Henrique Frade e Ivair. Isso sem falar no competente técnico Aymoré Moreira.
 
 
Na metade dos anos 60, mesmo sem ter seu estádio a Lusa formou outro bom time. Marinho Peres, Ivair, Leivinha, Ratinho, Lorico, Paes, Guaracy, Zé Maria, Orlando, Félix, faziam parte do elenco luso.

 
Os anos 70 foram bons para a Portuguesa, dentro e fora de campo. Em janeiro de 1972, a coletividade lusa comemorou a inauguração do novo estádio da Portuguesa, chamado de Independência, que depois ganhou o nome do Dr. Oswaldo Teixeira Duarte. No futebol, principalmente sob o comando do técnico Otto Glória, a Portuguesa foi a campeã da Taça São Paulo de 1973 ao golear o Palmeiras na final por 3 a 0. Uma competição que contou com todos os grandes clubes do futebol paulista. No mesmo ano, o clube chegou ao seu terceiro titulo estadual quando dividiu as honras da conquista com o Santos de Pelé.


Em 1974, a Portuguesa conquistou a Taça dos Invictos depois de completar 18 jogos sem perder.
No ano seguinte foi inaugurado o Ginásio de Esportes, que foi marcado pela vitória da Seleção Brasileira de Basquete contra a Colômbia. Neste ano, a Lusa ficou com o vice-campeonato paulista e o São Paulo foi o vencedor.
 
 
Em 1976, a Lusa ganhou mais um título: campeã da Taça Governador do Estado. Na última partida a Portuguesa goleou o Guarani, 4 a 0, no Estádio Palestra Itália. Na seqüência Otto Glória deixou o clube e a equipe rubro-verde deixou de ser a mesma.

 
Nos anos 1980, a caminhada progressiva do clube continuou. Em 1981 a Portuguesa promoveu o grandioso Torneio Internacional que brindou a inauguração do sistema de iluminação do estádio rubro-verde. Esta competição teve as participações do Sporting de Lisboa, Corinthians e Fluminense. No jogo decisivo a Lusa venceu os Leões de Alvalade por 2 a 0 e ficou com o troféu.

 
Em 1985, a Lusa do veterano Luís Pereira e do técnico Jair Picerni ficou novamente com o vice-campeonato paulista quando teve que decidir o título com o São Paulo em dois jogos na casa tricolor, ambos vencidos pelo time do Morumbi, por 3 a 1 e 2 a 1.

 
Em 1989, a diretoria da Portuguesa montou um timaço para disputar o Campeonato Brasileiro. Um elenco que teve Roberto Dinamite, Lê, Capitão, Zanata, Henrique, Sidmar, Lira, Toninho, além do técnico Antonio Lopes.
Em 1990, a Lusa ficou com a Taça Vicente Matheus, torneio quadrangular que contou com as presenças do Corinthians, Fluminense e Palmeiras, e foi realizado em comemoração aos 50 anos do Pacaembu. Depois de vencer o time carioca, a Lusa enfrentou o Corinthians na final e venceu o mosqueteiro nos pênaltis, após empatar por 1 a 1 no tempo regulamentar.
 
 
No ano seguinte, a Lusa ganhou a Copa São Paulo de Juniores com a melhor campanha até então (e que perdurou até o ano de 2012) sob o comando de Écio Pasça, que formou uma equipe maravilhosa e que tinha o fenomenal Dener. O esquadrão rubro-verde goleou o Grêmio na final por 4 a 0 e foi campeão vencendo os nove jogos que disputou.
 
 
Dois anos mais tarde, um marco na trajetória do clube. A Portuguesa abriu as portas do MUSEU HISTÓRICO, idealizado pelo saudoso Dr. Eduardo Rosmaninho, pioneiro entre os clubes de futebol para eternizar o brilhante acervo rubro-verde.
 
Tanto em 1995 como em 1996 a Lusa fez grandes campanhas no Campeonato Paulista, embora não chegasse às finais.
 
O ano de 1996 ficou marcado pela estupenda performance lusa no Campeonato Brasileiro, quando a equipe do Canindé ficou com o vice-campeonato depois de ser batida pelo Grêmio em Porto Alegre. Vale lembrar que a Lusa havia conquistado o Torneio Início do Campeonato Paulista quando foi dirigida pelo técnico Waldir Espinosa no início do ano.
 
Em 1997 a Lusa chegou à fase decisiva do campeonato nacional depois de ter feito bom papel no estadual.  
                                        
No ano seguinte, a Portuguesa foi considerada a campeã moral do Estadual, principalmente depois da “Operação Castrilli”, que tirou a Lusa das finais ao marcar um pênalti inexistente para oi Corinthians quando a Portuguesa vencia por 2 a 1 e o jogo já caminhava para os seus estertores.
 
 
Muitas dificuldades surgiram depois do ano 2000. Foram dez anos de resultados pouco expressivos. A Portuguesa ficou marcada de forma positiva pela maiúscula campanha de 2011, quando o time comandado pelo técnico Jorginho se sagrou campeão da Série B do Brasileiro. A esquadra rubro-verde ganhou o merecido apelido de BARCELUSA. Realmente um momento mágico do futebol rubro-verde.          
                                 
Estamos vivendo a passagem de mais um aniversário da querida ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTOS. Estamos torcendo muito, muito mesmo, para que a nossa LUSA escreva novas e vitoriosas páginas na sua história. A Portuguesa tem vocação para isso!

 
*Antonio Quintal é jornalista e comentarista da Equipe Líder  

 
 

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